...tenho mau feitio, se sou demasiado exigente com o ser humano em geral ou se pura e simplesmente pareço arrogante e pretensiosa. A verdade é que não sou uma daquelas pessoas que faz amigos em cinco minutos (e quem diz cinco, diz dez ou vinte ou até um dia inteiro). Tenho poucos amigos, quase todos de infância e os últimos que me lembro de ter feito, dignos desse nome, são do tempo da faculdade. Bem contados, são menos de sete.
Mas conheço muita gente. Gente com quem vou ao cinema, à praia, jogo Buzz ou Singstar, saio à noite e passo o ano. Ás vezes também sou convidada para os casamentos. São óptimos na tarefa de animar a minha vida que sem eles seria cinzenta pois os amigos nem sempre estão tão perto como eu gostaria. São divertidos, sorridentes e bem dispostos. Mas, para estas pessoas, a vida é uma grande e permanente festa e se não estamos com vontade para festejar e rir, então é mais sensato ficar em casa a ver um filme, para não estragar o ambiente.
Ora, isto desilude-me. Às vezes, antes de adormecer, gasto milhões de neurónios a tentar perceber como é que há gente capaz de ter tantos amigos. Daqueles que dizem ser mesmo inseparáveis. São capazes de construir a amizade com um simples olhar que os faz perceber que são almas gémeas e tem muita coisa para compartilhar. São tão extrovertidos que ao fim de uma conversa animada num jantar qualquer, resolvem convidar a mesa toda para passar o próximo fim de semana na casa da quinta. Já para não falar daqueles que metem conversa com a pessoa que viaja ao lado no Alfa Pendular e depois de duas horas já estão a trocar números de telemóvel.
Eu não sou assim. Exijo muito de mim própria e não aceito menos em troca. Gosto do meu espaço individual e odeio que o invadam sem convite (e isto é motivo para eliminar logo de rajada uma amizade que nunca o foi mas poderia ter sido). Rio ou choro, não porque é o dia e momento certo mas porque me apetece. Vou até Londres pelo menos três vezes por ano não porque gosto de viajar (sim, adoro, mas o mundo é enorme!!) mas porque a minha grande amiga A. precisa da minha companhia.
Menos do que isto, não aceito nem compreendo. Mas o mundo há-de sempre ser para mim um grande ponto de interrogação.
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